Além-mar
Janeiro 2003
Excertos adaptados
Manuel Giraldes
Água doce – A vida da Terra
Vivemos num Planeta Azul, é certo, mas apenas 0,007 por cento da água que o cobre assegura a sobrevivência da humanidade. Cada vez há mais gente. Cada vez se gasta mais e se polui mais. Cada vez há menos biodiversidade. Não admira que a ONU considere a gestão de tão escasso recurso um desafio vital para o mundo.
O desastre foi tão total e absoluto, que se tornou um símbolo: o mar de Aral, em tempos o quarto maior lago da Terra, está hoje reduzido a metade; e onde antes fervilhava a vida, existem agora carcaças de navios e terrenos estéreis. Em poucas décadas, uma fonte de vida e de riqueza transformou-se num foco de pobreza e de doenças.
Tudo começou nos anos 60, quando a cega tecnocracia da então União Soviética decidiu desviar quantidades incalculáveis de água dos dois rios que alimentam o Aral para transformar a região num dos grandes produtores de algodão. A opção por uma cultura tão intensiva começou por reduzir-lhes drasticamente o caudal. Mas, com a fria obstinação de burocratas fechados nos seus distantes gabinetes, os planificadores, insatisfeitos com a produção, insistiram com os agricultores para usarem ainda mais água; e, para compensarem a inadequação dos terrenos, instaram-nos a recorrer a perigosas quantidades de pesticidas e fertilizantes.
O resultado não poderia ser mais desolador: no lago assim dessecado, os dois maiores portos jazem agora em terra firme, a mais de dez quilómetros do que em tempos mereceu o nome de mar; a pesca e a navegação extinguiram-se; a salinidade aumentou quatro vezes e a poluição é imensa; a população ribeirinha padece de graves enfermidades, causadas pela contaminação da água potável e da água usada para irrigação; as colheitas caíram em flecha; e até o microclima se alterou: violentas tempestades de areia varrem a zona, dispersando pelas redondezas qualquer coisa como 150 mil toneladas de sal e areias contaminadas.
O que se passou com a bacia do mar de Aral serve, ainda que pela negativa, de publicidade à decisão da ONU de ter declarado 2003 o Ano Internacional da Água Doce.
Porque diz quase tudo sobre um dos bens mais escassos e mais preciosos do mundo.
Uma gota no oceano
A iniciativa da declaração partiu precisamente do Tajiquistão, que é, juntamente com o Afeganistão, Cazaquistão, Quirguizistão, Usbequistão e Turquemenistão, um dos países afectados pelos danos irreparáveis causados à bacia hidrográfica do Aral. Ao tentarem retomar o leme do seu destino após a implosão da ex-URSS, os seis concluíram que, sem uma gestão conjunta e coordenada, não seria possível remediar os estragos feitos. Desde 1992 que mais de 140 cientistas, envolvidos em mais de 20 projectos apoiados pela UNESCO, se esforçam por encontrar soluções. Ainda se pensou em desviar outros rios, por forma a repor o caudal anterior a 1960, mas temeu-se o agravamento do desastre ecológico. De momento, procura-se gerir a situação herdada, coordenando os planos nacionais em áreas tão sensíveis como a agricultura e a exploração hidroeléctrica.
Gestão integrada é, juntamente com desenvolvimento sustentável, uma das palavras-chave quando se trata de defender um dos bens mais raros do planeta. Na verdade, quando pensamos que vivemos num Planeta Azul, esquecemos que mais de 97 por cento da água que cobre o globo é demasiado salgada para beber ou para sustentar os frágeis ecossistemas dependentes da água doce, que representa uns escassos 2,5 por cento. E, mesmo assim, nem toda disponível: desta, 70 por cento apresenta-se sob a forma de gelo e encontra-se nos pólos; a maior parte da restante impregna o solo ou jaz em inacessíveis lençóis subterrâneos; o que faz com que apenas um por cento (0,007 por cento do total) se encontre disponível para ser usada pelo homem.
Nesta matéria, as contas são sempre de dividir e diminuir: calcula-se que, actualmente, a população do globo já esteja a usar metade dos 12 500 quilómetros cúbicos de água de que precisa para sobreviver. Como se espera que o número de habitantes do planeta sofra um aumento de 50 por cento nos próximos 50 anos, não fica grande margem de manobra. Ou seja, sobra muito pouca água. Até porque há que ter em conta que não se pode esvaziar rios e lagos, que são precisos para manter a saúde do ecossistema. Isto já para não falar nas pescas, nas actividades recreativas, na navegação ou na energia hidroeléctrica.
O maior consumidor
A agricultura, que terá de crescer para dar de comer a uma população mundial em crescimento, já é o maior «consumidor» de água da Terra: calcula-se que seja responsável por 87 por cento dos gastos.
Tradicionalmente, as culturas surgiam geralmente em zonas onde era possível contar com a humidade que as chuvas deixam no solo. Porém, à medida que as necessidades alimentares foram aumentando, foi-se recorrendo cada vez mais à irrigação, o que significa ir buscar água aos lagos, rios ou lençóis subterrâneos. Presentemente, 40 por cento dos alimentos de que o mundo dispõe provêem de terras irrigadas, que representam apenas 17 por cento do total das áreas cultivadas. Não é de estranhar que, nas últimas quatro décadas, a água utilizada na irrigação tenha aumentado mais de 60 por cento.
Esta tendência reflecte, aliás, a tendência geral, que tem a ver com as mudanças de estilo de vida em curso no planeta. Entre 1900 e 1995, o consumo de água aumentou seis vezes, ou seja, cresceu a um ritmo duas vezes superior ao do aumento da população. A par com a irrigação, os grandes «responsáveis» são o crescimento da actividade industrial e o crescente consumo doméstico.
Este gasto acima das «nossas posses» tem obviamente os seus custos. De momento, cerca de 460 milhões de pessoas (mais de oito por cento da população do globo) vivem em zonas de uma forma ou outra afectadas pela escassez de água; e, tendo em conta as práticas actuais, mais um quarto da população mundial se prepara para vir a conhecer sérios problemas de abastecimento. Em 2025, dois terços dos habitantes do Planeta Azul poderão ter de lidar com este tipo de problemas.
As doenças da água
Como se não bastasse gastar a mais, o actual modelo de desenvolvimento, um sistema baseado no desperdício e no pressuposto de que os recursos da Terra são infinitos, teima em estragar de mais. Para além da agricultura intensiva, que recorre a insustentáveis quantidades de pesticidas e fertilizantes, a poluição causada pela crescente industrialização e pela imparável urbanização, raramente acompanhadas por um adequado saneamento básico, continuam a degradar a qualidade da água dos rios, dos lagos e dos lençóis subterrâneos.
O problema é fácil de criar mas difícil de resolver. Os Estados Unidos da América, o país mais rico e poderoso do mundo, fez, ao longo de várias décadas, grandes investimentos públicos para controlar a qualidade das suas águas, mas, mesmo assim, cerca de 40 por cento dos seus rios, lagos e estuários não atingem ainda os padrões estabelecidos pelos organismos oficiais. Antes de o programa ser posto em prática, havia rios a tal ponto poluídos que deflagravam incêndios na camada de poluentes que os cobriam.
Segundo um relatório das Nações Unidas, o uso e o abuso da água disponível é já um travão ao desenvolvimento das nações mais pobres. Um círculo vicioso. Devido sobretudo à pobreza, pelo menos um quinto da população mundial não tem acesso a água potável e metade não dispõe de saneamento. Resultado: em qualquer momento, metade das pessoas que vivem no planeta sofrem de doenças relacionadas com as más condições do que bebem ou comem, originadas directamente por infecções ou, indirectamente, por organismos que se reproduzem na água ou na comida.
O desafio de Quioto
A dimensão e a premência do problema são cada vez mais evidentes. Não terá sido por acaso que, durante a decepcionante Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que teve lugar em Joanesburgo em 2002, a água e o saneamento se tornaram a questão mais consensual. E, consequentemente, a que teve uma resposta mais concreta: o programa destinado a assegurar a 1,5 mil milhões de pessoas, até 2015, o acesso à água potável e a um saneamento básico adequado.
O relatório da ONU avisa: «A água tem de ser encarada como um dos maiores desafios que o mundo enfrenta. É tão importante como as alterações atmosféricas, a desflorestação, a defesa da biodiversidade e a desertificação, tudo questões relacionadas com a gestão da água. Uma grande parte das tendências negativas levarão anos a inflectir, pelo que se torna imperativo que as acções destinadas a iniciar essa inflexão comecem imediatamente.» Resta saber se os grandes do mundo estarão à altura da grandeza do desafio.
É muito bom esse site. era isso que eu estava procurando…
Obrigada … 😉
eu tambem acho muito bom
vamos ajudar a terra ela pede ajuda.
E muito bom esse tipo de pesquisa , ajuda muitas crianças
adorei o site porque estou fazendo uma monografia para graduação em Pedagogia.
Não me ajudou no que eu estava procurando mais este site é muito interesante
Nossa…como podemos melhorar isto???
como podemos ajudar a manter nossas reservas de agua doce…?
ta ai algo que preocupa mesmo as pessoas…
a água doce do planeta esta acabando temos que melhorar isso porque daqui uns tepos nossos filhos terao que pagar muito caro pela agua e não sobreviverão a esse mundo que os espera temos que economizar o mundo pede ajuda e daqui uns tempos nos também pediremos ajuda…
Muito bom esse site era o que procurava.
Adoramos este site. Muito bom, somos professores e achamos muito interesante a mensagem que vocês querem passar para as pessoas, imprimimos este texto para passar para nossos alunos e no texto tambem estava o site para os alunos poderem ler e aprender um pouco sobre a agua um elemento muito importante para a vida dos seres vivos e dos seres humanos. Um site que mostra tanta coisa intereçante só pode ser muito conhecido. Nós não conheciamos mas adoramos.
eu moro em uma comunidadechamada santa rosa municipio de caucaia em fortaleza ceara,e ja faz 2 anos que nos desta comunidade lutamos por uma causa ambiental e ate o momento nao foi resolvido a morosidade processual e muito triste.se trata do seguinte: a populaçao deste local nao tem agua da cagesse. existe somente um olho dagua doce localizado sobre uma serra e esta agua desce por gravidade la para baixo em canalizaçoes feita pelos propios moradores este olho dagua nunca secou e esta localizado em uma area de preservaçao ambiental . mas uma senhora achou de construir uma casa sob a nascente de agua doce e fez 03 fossas ao redor do olho dagua foi feito exames da agua pelo lacem e pela cagesse e foi detectado a bacteria E. Coli e uma bacteria multi ressitente causadoras de varias doenças . alem de tudo ela desmatou cortou arvores e anelou outras. o promotor do meio ambiente de caucaia entrou com o ministerio publico para resolver o problema e como eu disse ja fazem 02 anos e nada resolvido mas nos estamos lutando e nao vamos desistir ate que se resolva tudo. precisamos de ajuda. pois este pedacinho o qual queremos preservar faz parte do nosso planeta .
eu acho que este site pode ajudar muito para que a humanidade
pense melhor sobre este assunto,não podemos deixar que a nossa água a única que é potavel acabar e o mundo tambem.
vamos pensar melhor nisto e fazermos nossa parte
se todo o nosso planeta nao estive conciencia nao teremos agua no nosso planeta,o que fala acima e muito importante para aqueles que nao tem conciencia e para mim mesmo.
Muito obrigada!
É esse tipo de pesquisa que é digna de um trabalho sobre ecologia.
Adorei esse site!
😀
O ser humano, e tudo que tem vida , praticamente depende da água para viver , temos que ser consciente, . etc….
A Ana ruth tem razão nos teremos que evitar o desperdicio da água doce
para que o mundo melhore cada vez mais e como sabemos a agua doce esta sendo puluida tambem por isso quem ver esse site não esqueça de deixar o seu recado e não esquecer de fazer sua parte
Assi:Isabela
adorei; é bem interessante
beleza, era realimente isto que eu queria